A Batalha de 2026: O Padrinho, o Afilhado e o Fantasma da Ideologia

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Por: Márcio Lima – Empresário e Especialista em Marketing Político

Goiás respira política, e o ar de 2026 já tem um cheiro forte de incerteza, daqueles que desafiam até mesmo a mais bem-sucedida das engenharias eleitorais.

​De um lado, a máquina. O governador Ronaldo Caiado (União Brasil), com um pé na rampa do Planalto, prepara-se para deixar o Palácio das Esmeraldas com um legado que é, inegavelmente, um trunfo: 88% de aprovação, o maior índice do país. Essa é a herança de ouro, o cofre político que ele entrega a seu vice, o afilhado político Daniel Vilela (MDB).

​Daniel não começa do zero. Ele começa do pódio, na liderança das intenções de voto. Sua bandeira é a “legitimidade da continuidade”. O roteiro parece simples: a popularidade do padrinho se transfere para o sucessor, e a vitória se desenha. Mas, ah, a política goiana nunca foi dada a roteiros simples.

​O calcanhar de Aquiles de Daniel Vilela não é a oposição tradicional, mas um fantasma que se materializou em 2022: o voto ideológico de direita. Goiás consolidou-se como um dos estados mais bolsonaristas do país. O ex-presidente Jair Bolsonaro cravou 58,71% dos votos válidos no segundo turno, mais de 2,1 milhões de eleitores.

​Esse é o “voto raiz”, um capital eleitoral que não obedece à lógica das alianças de cúpula. Ele não se curva automaticamente à base de Caiado, nem mesmo com o abraço nacional entre União Brasil e PL.

​O desafio, portanto, tem nome e sobrenome: o candidato que conseguir herdar a maior parte dessa força ideológica — seja ele Wilder Morais (PL) ou outro nome endossado — será o polo que polarizará o segundo turno contra Daniel Vilela.

​Neste tabuleiro, nomes com história, como Marconi Perillo (PSDB), aparecem nas pesquisas, mas a força ideológica parece orbitar em outro campo. O principal embate, aquele que forçará o segundo turno, será o duelo entre a força da máquina administrativa (Daniel Vilela) e a potência do voto ideológico (Candidato do PL/Bolsonaro). O desafio de Daniel é, justamente, absorver o voto ideológico de direita. A lógica sugere que o voto de Marconi, embora relevante, não é a chave para a polarização ideológica que definirá o embate final.

Daniel Vilela (MDB) desfruta da liderança nas pesquisas por herdar a aprovação recorde de 88% da gestão Caiado, o nome de Wilder Morais (PL) emerge como o principal polo de resistência e o provável fator surpresa impulsionado pela força do voto ideológico de direita em Goiás.

​A ameaça à sucessão de Daniel Vilela não é a oposição conhecida, mas sim o candidato que conseguir capitanear o “voto raiz” consolidado no estado:

  • O Poder do PL: Goiás se estabeleceu como um dos estados mais bolsonaristas do país. Em 2022, Jair Bolsonaro obteve impressionantes 58,71% dos votos válidos, totalizando mais de 2,1 milhões de votos e foi o partido mais votado na última eleição de 2024.
  • A Chave do Segundo Turno: Esse capital eleitoral de direita não se transfere automaticamente para a base de Caiado. A análise indica que o candidato que conseguir herdar a maior parte desse voto ideológico será o principal adversário de Daniel Vilela no segundo turno.
  • Wilder como Polarizador: As pesquisas já colocam Wilder Morais ou outro nome endossado pelo PL como o cenário mais provável para polarizar o voto de direita e carimbar o passaporte para o segundo turno .

​Se Daniel Vilela representa a força da máquina administrativa e o “voto de gestão”, Wilder Morais simboliza a potência do voto ideológico. O desafio do PL é transformar essa força ideológica em voto local e construir uma chapa competitiva, mas sua posição como um dos nomes citados e sua ligação com o PL o colocam como o elemento com maior potencial para ser a surpresa que definirá a linha de chegada em 2026.

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