As propostas de Antonio Kast, presidente eleito do Chile
Crédito, AFP via Getty Images
-
- Author, Cecilia Barría
- Role, Enviada especial para o Chile, BBC News Mundo
-
José Antonio Kast venceu a comunista Jeannette Jara e é o novo presidente eleito do Chile.
O eixo central da campanha de Kast girou em torno dos temas de segurança e imigração. O ultradireitista articulou seu discurso em torno da ideia de um “governo de emergência”, para enfrentar o aumento da criminalidade.
Kast propôs a construção de prisões de segurança máxima, aumento das penas para os infratores da lei, o fim dos “narcofunerais”, uma revisão da forma de aplicação de legítima defesa e a criação de uma força especial para recuperar zonas do país dominadas pela criminalidade.
“O Chile voltará a ser um país seguro”, declarou o candidato.
Em relação à imigração, ele prometeu deportações em massa de imigrantes em situação irregular, incluindo voos fretados para levá-los de volta aos seus países de origem. O custo deverá ser financiado, em parte, pelos próprios passageiros.
“Iremos fechar as fronteiras em todos os lugares onde houver passagens irregulares”, afirmou Kast, como parte do seu Plano Escudo Fronteiriço.
Mas, nos últimos dias, o candidato moderou seu discurso, declarando que as deportações no seu governo não seriam como as dos Estados Unidos.
“Existem diversas formas de convidar as pessoas a sair, mas quem irá pagar? Eu não vou”, afirmou ele.
Kast também propõe que a imigração irregular passe a ser considerada crime e que os estrangeiros sem documentos não tenham acesso aos benefícios básicos fornecidos pelo Estado, como educação, saúde ou moradia.
No setor econômico, o candidato prometeu promover a “austeridade”, reduzindo os gastos fiscais em US$ 6 bilhões (cerca de R$ 32,4 bilhões) em um prazo de 18 meses.
A viabilidade da aplicação desta medida vem sendo colocada em dúvida, devido à magnitude do corte. Sua concretização implicaria a redução de benefícios sociais para a população.
Mas Kast garantiu ser possível proceder aos cortes sem prejudicar benefícios sociais, como a Pensão Garantida Universal, mas não detalhou como implementaria o ajuste.
No setor tributário, o ex-deputado anunciou que, em seu eventual mandato, irá reduzir o imposto corporativo para grandes e médias empresas, dos atuais 27% para 23%. E prometeu eliminar o imposto de renda de capital na venda de ações, em alguns casos.
Diferentemente do seu discurso nas eleições anteriores, Kast evitou comentar temas como o aborto e o casamento homoafetivo, bem como as violações de direitos humanos durante o regime de Augusto Pinochet (1915-2006). No passado, o candidato defendeu algumas de suas políticas.
No plano internacional, Kast declarou, em um dos debates presidenciais, que sua posição frente a uma possível incursão militar dos Estados Unidos na Venezuela está representada na frase inscrita no brasão de armas chileno: “Pela razão ou pela força.”
E, sobre o presidente de El Salvador, Nayib Bukele, pioneiro das políticas linha-dura contra o crime, ele afirmou que, se todos os chilenos tivessem que votar hoje e o nome de Bukele estivesse na cédula, ele seria eleito.