Comunicação política exige atenção redobrada: erros de texto podem gerar punições eleitorais

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Por: Miriã Lira

Em períodos eleitorais e também fora deles, a comunicação política ocupa lugar de destaque no debate público. Discursos, postagens em redes sociais, materiais impressos, campanhas digitais e pronunciamentos oficiais são analisados não apenas pela opinião pública, mas também por órgãos de fiscalização, adversários políticos e pela Justiça Eleitoral.

Nesse cenário, erros de comunicação não são apenas falhas de linguagem. Uma frase mal-formulada, uma informação incompleta ou a ausência de dados obrigatórios pode gerar sanções legais, multas, impugnações e desgaste da imagem pública.

Especialistas alertam que a atenção ao texto deve ser redobrada quando se trata de comunicação política, justamente pelo alto nível de exposição e pelo rigor da legislação eleitoral.

Texto político também é documento jurídico

Muitos materiais de campanha são tratados apenas como peças de comunicação, quando, na prática, funcionam como documentos públicos. Qualquer conteúdo divulgado pode ser utilizado como prova em processos eleitorais, ações judiciais ou representações junto aos tribunais.
A legislação eleitoral estabelece regras claras sobre o que pode ou não ser divulgado, exigindo, por exemplo:
identificação correta de partidos, coligações e CNPJ de campanha;
uso adequado de dados e pesquisas eleitorais;
proibição de determinadas promessas ou afirmações;
respeito aos prazos e aos formatos permitidos;
cuidado com linguagem que possa induzir o eleitor ao erro.

Erros textuais ou ambiguidades podem ser interpretados como irregularidades, mesmo quando não há intenção deliberada de descumprir a lei.

Redes sociais ampliam os riscos

Com o crescimento das redes sociais como principal canal de comunicação política, os riscos se intensificaram. Publicações digitais têm alcance imediato, pois são facilmente compartilhadas e, principalmente, não desaparecem.

Um post apagado pode continuar circulando por meio de prints, registros e compartilhamentos, tornando-se elemento permanente de análise jurídica e pública.

Nesse contexto, especialistas destacam que a revisão de conteúdo político antes da publicação é uma medida preventiva essencial para evitar crises e questionamentos legais.

Revisão como ferramenta de prevenção

A revisão de textos políticos atua como uma camada de proteção antes da divulgação do conteúdo. Esse processo não se limita à correção gramatical, mas envolve a análise de:
clareza da mensagem;
coerência do discurso;
adequação à legislação eleitoral;
ausência de ambiguidades;
conformidade com informações obrigatórias;
alinhamento entre texto e estratégia da campanha.

Segundo especialistas em revisão publicitária, esse tipo de análise preventiva reduz significativamente o risco de penalidades e retrabalho durante a campanha.

De acordo com a revisora publicitária Miriã Lira* ( que atua há mais de 12 anos com análise de risco na comunicação política e institucional, muitos problemas poderiam ser evitados com uma revisão adequada antes da publicação dos materiais.

Materiais impressos também exigem atenção

Embora o foco atual esteja nas redes sociais, materiais impressos continuam sendo amplamente utilizados em campanhas eleitorais. Santinhos, folders, jornais e cartazes também precisam seguir normas específicas.

Erros nesses materiais podem gerar prejuízos financeiros, já que, após a impressão, a correção se torna inviável. Além disso, materiais irregulares podem ser recolhidos ou utilizados como prova em processos eleitorais.
A conferência final antes da impressão é uma etapa essencial para garantir conformidade e segurança jurídica.

Comunicação política responsável fortalece a democracia

A atenção à linguagem na comunicação política não beneficia apenas candidatos e partidos. Ela contribui para um debate público mais claro, transparente e responsável.

Quando a informação é bem-estruturada, correta e legalmente adequada, o eleitor tem melhores condições de compreender propostas, posicionamentos e decisões.

Miriã Lira é revisora publicitária, especialista em análise de risco na comunicação e atua há 12 anos com revisão de conteúdos institucionais, digitais e políticos.

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