A época em que o imperador japonês era mais venerado no Brasil do que no Japão

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O imperador Hirohito em visita feita em 1935 ao santuário xintoísta Yasukuni (Tóquio), que honra soldados japoneses mortos em guerra
Legenda da foto, O imperador Hirohito em visita feita em 1935 ao santuário xintoísta Yasukuni (Tóquio), que honra soldados japoneses mortos em guerra

Quando as rádios do Japão começaram a transmitir um discurso do imperador Hirohito em 1º de janeiro de 1946, a derrota do país na Segunda Guerra Mundial (1939-1945) estava prestes a ganhar uma dimensão espiritual.

“Os laços que nos unem a vós, nossos súditos, não são o resultado da mitologia ou de lendas. Não se baseiam jamais no conceito de que o imperador é deus ou qualquer outra divindade viva”, disse o monarca.

A declaração, uma imposição dos vencedores do conflito, marcava o fim do período em que o Estado japonês encarou o culto ao imperador como parte de sua religião oficial. Encerrava-se um ciclo iniciado em 1868, quando o imperador Meiji unificou o Japão e impôs a crença de que sua família descendia de Amaterasu, deusa xintoísta do sol.

Não bastasse terem perdido três milhões de pessoas na guerra, os japoneses subitamente perderam um deus.

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