Lula diz que governo tem “limite de briga” com os EUA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse neste domingo (3) que o governo brasileiro tem “um limite de briga” com os Estados Unidos a respeito do tarifaço imposto pelo governo Donald Trump, mas que sua gestão não tem “medo” do mandatário republicano.
“O governo tem que fazer aquilo que ele pode fazer. Nessa briga que a gente está fazendo agora com a taxação dos Estados Unidos, eu tenho um limite de briga com o governo americano. Eu não posso falar tudo que eu acho que eu devo falar, tenho que falar o que é possível falar. Porque eu acho que nós temos que falar aquilo que é necessário”, disse Lula durante discurso no 17º Encontro Nacional do PT, em Brasília, no qual Edinho Silva tomou posse como presidente nacional da sigla.
“Não queremos confusão. Quem quiser confusão conosco pode saber que nós não queremos brigar. Agora, não pensem que nós temos medo”, afirmou o presidente.
Em carta enviada a Lula no último dia 9, Trump anunciou uma sobretaxa de 50% na importação de produtos brasileiros, alegando que o ex-presidente Jair Bolsonaro é vítima de perseguição judicial no julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), por acusações de uma suposta tentativa de golpe de Estado após a eleição de 2022.
Também afirmou que decisões “secretas e ilegais” do ministro do STF Alexandre de Moraes relativas a big techs americanas representaram ataques à liberdade de expressão de cidadãos americanos e que o Brasil adota práticas comerciais injustas contra os Estados Unidos, entre outros pontos.
Dias depois, o Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos anunciou que iniciou uma investigação sobre práticas comerciais do Brasil.
Na quarta-feira passada (30), Trump confirmou as tarifas sobre o Brasil e na quinta (31), informou numa ordem executiva que as sobretaxas sobre os países afetados pelo tarifaço entrarão em vigor na próxima quinta-feira (7). Entretanto, a taxa de 50% não será aplicada para cerca de 700 produtos brasileiros, entre eles, suco e polpa de laranja e aeronaves civis.
Entre o anúncio da taxação e sua confirmação, Lula admitiu dificuldades de interlocução junto ao governo Trump – no dia 25, reconheceu que o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB-SP), responsável pelas negociações, não conseguia encontrar interlocutores dispostos ao diálogo.
“Ninguém pode dizer que o Alckmin não quer conversar, todo dia ele liga para alguém e ninguém quer conversar com ele”, afirmou na ocasião.
Depois do tarifaço ser confirmado, Trump disse na sexta-feira (1º) que Lula pode ligar para ele “quando quiser” para discutir o tarifaço.
A respeito da motivação para as tarifas, o republicano afirmou que “as pessoas que estão comandando o Brasil fizeram a coisa errada”, mas que ama “o povo do Brasil”. “Vamos ver o que acontece”, acrescentou.
Em resposta, Lula afirmou nas redes sociais na sexta-feira que o Brasil sempre esteve aberto ao diálogo.