“Vai dar prisão para autoridades brasileiras”, diz novo advogado de Filipe Martins
O advogado Jeffrey Chiquini afirmou nesta terça (8) que as autoridades dos Estados Unidos já sabem quem falsificou os supostos registros de entrada no país de Filipe Martins, ex-assessor especial do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A falsificação teria sido feita por autoridades brasileiras, segundo ele, para prendê-lo e forçar uma delação premiada assim como ocorreu com o tenente-coronel Mauro Cid.
Chiquini assumiu a defesa de Martins nesta semana e afirma que a pessoa que teria falsificado os dados já foi identificada, mas que ainda não pode revelar quem é ela.
“Já se sabe quem foi o responsável pela inserção falsa no sistema americano. É muito grave o que aconteceu, é criminoso. Tem agente público que deveria estar na cadeia pelo que fizeram contra o Filipe Martins”, disse o advogado em entrevista à rádio Auriverde e confirmado ao programa Sem Rodeios, da Gazeta do Povo, nesta quarta (9).
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Jeffrey Chiquini afirma que um documento falso foi utilizado para forjar o sistema imigratório americano, e que a investigação deve ser concluída no final deste mês. Ele ressaltou que há autoridades brasileiras envolvidas.
“Isso vai dar prisão para autoridades brasileiras”, pontuou.
O advogado afirmou, ainda, que essa pessoa “tem relação direta sim com o Brasil e com o governo brasileiro”, pontuou. Chiquini afirma que são “proximidades bastante grandes e faz todo o sentido se olharmos o panorama da forma como essa fraude foi feita”.
“Num piscar de olhos surge esse documento na investigação brasileira, um documento que nunca existiu, que a defesa do Filipe Martins nos Estados Unidos provou não existir e foi utilizado no Brasil para prendê-lo”, ressaltou pontuando que o nome dessa autoridade deve ser divulgado pela investigação americana até o final do mês.
A condução desta parte internacional pela defesa de Martins está sendo conduzida pelo advogado Marcelo Almeida Santanna, que era o titular antes da entrada de Chiquini. O novo jurista passou a trabalhar na parte relativa ao processo que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
“Quem teria interesse em forjar um documento oficial, americano? Obviamente que não seria um funcionário americano que não tivesse nenhum interesse na causa”, ressaltou.
Ainda segundo Jeffrey Chiquini, a prisão de Filipe Martins teria sido orquestrada para forçá-lo a delatar o suposto plano golpista assim como fez o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. No caso de Martins, seria na condição de um civil próximo ao ex-presidente, com duas pessoas delatando-o.
Tese reforçou defesa de Trump a Bolsonaro
O avanço das investigações nos Estados Unidos seria, diz o advogado, o motivo pelo qual o presidente Donald Trump saiu em defesa de Bolsonaro nesta semana.
“Toda essa ‘caça às bruxas’ [citada por Trump] é para torturar Filipe Martins e Mauro Cid para que delatassem falsamente Jair Bolsonaro. O Donald Trump sabe de tudo isso”, completou.
Filipe Martins é acusado de fazer parte do chamado “núcleo 2” do plano, que seria responsável por fornecer suporte operacional às ações. Ele foi preso em fevereiro de 2024 durante a Operação Tempus Veritatis, que investigou a participação de autoridades na suposta tentativa de abalar o Estado Democrático de Direito.
A Polícia Federal alegou que o ex-assessor teria tentado fugir para os Estados Unidos em dezembro de 2022 no mesmo voo utilizado por Bolsonaro para deixar o país antes da posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A acusação de fuga, no entanto, perdeu força diante de evidências apresentadas pela defesa de Martins, como a confirmação da companhia aérea Latam de que ele embarcou de Brasília para Curitiba no dia 31 de dezembro de 2022. A defesa também demonstrou possíveis fraudes nos registros de imigração utilizados pela PF.